Organização Mundial da Saúde reconhece o burnout como ‘fenômeno ocupacional’, esgotamento profissional pode afetar a saúde mental e física
Excesso de trabalho, ambiente corporativo tóxico, pressão constante, estresse crônico, falta de autonomia ou de flexibilidade. Essas são as principais fatores de risco no ambiente de trabalho para o burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, que afeta cerca de 64,3 milhões de brasileiros, segundo levantamento realizado pela International Stress Management Association (Isma).
Questões relacionadas à saúde mental são a terceira maior causa de afastamento do trabalho e dados apontam tendências de crescimento. O burnout é um síndrome que tem início silencioso e muitos profissionais vêm sofrendo desta exaustão sem estar cientes disso.
O termo burnout, que em tradução livre do inglês significa “queimar por completo”, foi introduzido pelo psicanalista Herbert J. Freudenberger, que criou um modelo de 12 estágios para visualizar o desenvolvimento desta síndrome com comportamentos típicos para cada estágio:
- Ambição em excesso e necessidade de aprovação constante;
- Trabalhar mais e acumular responsabilidades;
- Negligenciar necessidades pessoais e sociais;
- Reprimir conflitos, fugir dos problemas e sintomas;
- Revisão de valores;
- Negação do problema, impaciência e irritabilidade com o outro;
- Afastamento, redução de contatos sociais;
- Mudanças de comportamento;
- Despersonalização, perder o contato com si mesmo(a), entrar no piloto automático;
- Vazio interno, comportamentos compulsivos;
- Sintomas de depressão;
- Burnout.
“Sendo o produto de um acúmulo de estresse, esse esgotamento profissional não acontece de um dia para o outro. É um fenômeno complexo e profundo que atinge profissionais de todas as idades, setores e níveis hierárquicos", explica Ines Hungerbühler, psicóloga, PhD e líder do time clínico do Wellz, solução de saúde mental do Gympass.
Como as empresas podem lidar com o burnout
Nos últimos anos, entre outras razões por causa de uma definição mais específica do lado da OMS, as discussões sobre o burnout aumentaram e ficou claro que as empresas podem desempenhar um papel crucial na promoção da saúde mental de seus colaboradores e na redução do estigma em torno do tema e consequentemente no tratamento eficaz de questões como o esgotamento profissional e a redução de danos.
Na prevenção da síndrome de burnout, a construção de um ambiente de trabalho saudável é o ponto-chave. Existem várias estratégias para criar uma cultura de cuidado no qual as pessoas colaboradoras conseguem trabalhar de forma produtiva e manter o seu bem-estar.
Confira algumas ações práticas e de fácil implementação que Ines Hungerbühler, psicóloga, PhD e líder do time clínico do Wellz by Gympass, apresenta:
Lidar com a cultura da produtividade
Ambientes onde a produtividade está acima de qualquer coisa (até a própria saúde da pessoa colaboradora) são propensos a facilitar o desenvolvimento de burnout. Somos todos humanos e ter limites não é apenas normal, mas saudável, inclusive para a empresa.
Flexibilizar as rotinas
Estresse crônico muitas vezes é causado por uma incompatibilidade entre as exigências profissionais e as capacidades e recursos do lado da pessoa colaboradora. Compreender as rotinas e metas que se adequam não apenas para o negócio, mas também para a pessoa colaboradora, traz mais produtividade e contribui para um ambiente mais saudável.
Educação e capacitação da liderança
As lideranças têm um papel fundamental na criação de uma cultura de cuidado e consequentemente um ambiente de trabalho saudável. Para uma pessoa líder poder criar espaços psicologicamente seguros e acolher membros da equipe, é necessário preparar a liderança adequadamente.
Ter ferramentas de monitoramento recorrente do estado emocional das pessoas colaboradoras
Assim como o burnout, outras questões de saúde mental tais como a depressão ou ansiedade, não aparecem de um dia para outro. Identificar primeiros sinais e sintomas, permite intervir antes de um desenvolvimento completo e consequentemente reduzir desde o início consequências como afastamentos e altos custos médicos, além de uma qualidade de vida impactada.
Promover programas de cuidado contínuo
Para criar uma cultura que prioriza o bem-estar precisa-se mais do que oferecer ações pontuais ou intervenções em crise. Oferecer benefícios e ferramentas que permitam às pessoas colaboradoras cuidar da própria saúde mental, gerenciar melhor os níveis de estresse e aumentar o autoconhecimento, é fundamental para prevenir o burnout e outras questões de saúde mental.
“Como empregadores, temos a responsabilidade de enfrentar a crise do bem-estar, apoiando nossos colaboradores para que eles possam incorporar hábitos saudáveis em suas rotinas - sejam atividades físicas, cuidados com a saúde mental, alimentação saudável, educação financeira, ou centenas de outras atividades. Quando os times estão saudáveis, felizes e engajados, há um impacto positivo nos negócios”, destaca Priscila Siqueira, líder do Gympass Brasil.
Sobre o Gympass
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