Freeze all: técnica que congela embriões beneficia tentantes em reprodução assistida

Freeze all: técnica que congela embriões beneficia tentantes em reprodução assistida

Transferência de embriões é a última etapa da FIV e deve ser evitada na quarentena

 

No início da pandemia do coronavírus e o isolamento social, a indicação para procedimentos de reprodução assistida era de suspender os novos e concluir apenas os ciclos já iniciados, bem como tratamentos para preservar a fertilidade em pacientes oncológicas. Agora, as recomendações das sociedades médicas de reprodução do Brasil e de norma técnica da ANVISA é de que os especialistas avaliem individualmente cada caso e tenham bom senso na condução dos tratamentos. “Pacientes em que o adiamento do tratamento poderia ser prejudicial ao seu futuro reprodutivo, diminuindo ou mesmo impossibilitando uma gravidez no futuro, podem ter seu tratamento iniciado desde que seguindo todas as normas de segurança com relação à COVID-19”, explica o médico Matheus Roque, especialista em reprodução humana da Clínica Mater Prime, em São Paulo. 

 

Entretanto, as transferências embrionárias ainda devem ser evitadas no momento. Assim, todos os embriões formados serão congelados para aguardar o momento mais oportuno para serem descongelados e colocados no útero da paciente, procedimento conhecido como Freeze all”, destaca Roque. O assunto, que foi tema do mestrado e doutorado do especialista, se apresenta como melhor opção no período de quarentena, enquanto se espera a normalização das atividades e mais informações a respeito da segurança de gestações neste período de pandemia. No procedimento, é feito o congelamento de todos os embriões para transferência posterior. Mulheres com idade reprodutiva avançada e também aquelas com baixa reserva ovariana (baixo estoque de óvulos) estão entre as pacientes que podem ser beneficiadas com a nova recomendação dos órgãos.

 

Para quem está em tratamento e faz ciclo de fertilização in vitro (FIV), a  transferência deverá esperar. A implantação embrionária é um passo importante para ser bem sucedido, mas depende da qualidade dos embriões em questão, da comunicação entre eles e o endométrio, e também da receptividade endometrial. O congelamento pode preservar a fertilidade do casal ou indivíduo por meses ou até anos. Nesse cenário, o estado atual dos óvulos (relacionado a idade da mulher) é mantido, além de aproveitar a reserva ovariana do início do processo. O adiamento desta primeira etapa, que consiste em  estimulação ovariana, aspiração dos óvulos e fertilização com formação de embriões, poderia levar a redução e até esgotamento do estoque de óvulos, incluindo a piora na qualidade deles.

 

Por isso, o Freeze All é indicado para conservar os embriões gerados até que seja permitida a transferência deles para o útero (etapa final da FIV) com segurança, podendo potencializar as chances de sucesso do tratamento.

Sobre o Dr. Matheus Roque

O especialista é membro da ESHRE, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e também da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Recentemente, ele foi reconhecido pela Fertility and Sterility por sua contribuição para a qualidade da revista. Durante 2014 e 2015, um de seus artigos apareceu nos cinco principais artigos mais citados publicados em Fertility and Sterility. Roque foi premiado com o GFI - Grant for Fertility Innovation, pelo projeto intitulado Algoritmo farmacogenético para estimulação ovárica controlada individualizada (iCOS).



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