Chegam em São Paulo na próxima semana, dois grandes produtores de vinho do mundo do Grupo Roederer: direto da França, o embaixador Christophe Renard, da Domaines Ott. e de Portugal, Jorge Rosas, CEO da Ramos Pinto.
Os produtores apresentarão novidades em seus rótulos que estão sob a chancela da Louis Roederer (grupo de propriedades da Champagne Louis Roederer). Conheça abaixo um pouco sobre os dois produtores:
Domaines Ott
É um produtor com quatro estrelas no Wine Buyer’s Guide de Robert Parker. Considerado a quintessência entre os produtores da Provence, foi fundada em 1896, essa casa que sempre acreditou no potencial dos vinhos rosés originados no território ensolarado e banhado pelo Mediterrâneo. “Nós sempre produzimos muito rosé e um pouco de vinho branco e tinto”, contou Jean-François Ott, membro da quarta geração da família de produtores, em uma reportagem à revista Wine Spectator. Seu bisavô, Marcel Ott era um jovem engenheiro agrônomo quando chegou à costa do Mediterrâneo, no final do século 19. Nascido na Alsácia, ele passara por Bordeaux antes de se fixar na Provence, transportando para essa região a cartilha para a elaboração de grandes vinhos. Sentiu-se tão atraído pelo sul da França que não se intimidou ao encontrar vinhedos em estado lastimável, completamente destruídos pela praga filoxera. Em vez de replantá-los aleatoriamente, fez questão de selecionar as melhores castas, recuperando três propriedades que se destacam, atualmente, como arquétipos de vinhos da Provence.
Cuidados preciosos explicam por que os vinhos com a chancela Domaines Ott se tornaram a grande referência no universo dos rosés: não se utiliza uvas de vinhedos com menos de 7 anos de idade, a viticultura é orgânica e a colheita é feita por mulheres – por serem mais pacientes e detalhistas que os homens.
Após a vindima, há quatro triagens, garantindo que os melhores bagos de uva sigam para a vinificação – o que corresponde a 60% da colheita. A seguir à fermentação e durante o primeiro blend, cerca de 30% do vinho acaba sendo descartado pela equipe de enologia. Os outros 70%, durante seis semanas, passam por bâtonnage, o que torna o processo de vinificação de seus rosés mais longo que o comum na região.
Em 2004, a vinícola juntou-se ao grupo de propriedades sob o controle da prestigiada casa de Champagne Louis Roederer. Mas a família Ott continua imprimindo seu estilo perfeccionista ao negócio e, atualmente, os primos Christian e Jean-François Ott estão à frente da Domaines Ott.
Adriano Ramos Pinto
Ramos Pinto é um dos sobrenomes mais reverenciados do Vinho do Porto. E para os brasileiros, seus vinhos têm um “sabor” especial. É que Adriano Ramos Pinto, que fundou essa casa em 1880, com apenas 21 anos de idade, fez do mercado brasileiro um porto seguro para seu negócio já no início do século XX. Criou-se, assim, uma relação íntima entre os vinhos Ramos Pinto e o Brasil, a ponto de seus rótulos serem chamados por aqui, simplesmente, de Adriano – costume que persiste até os dias de hoje. Adriano fora um jovem artista na cidade do Porto, o que explica sua dedicação em criar uma imagem de marca única e inconfundível. Os posters publicitários da Ramos Pinto, assinados por alguns dos mais aclamados artistas do início do século XX, como Leonetto Capiello, Matteo da Angelo Rossotti, L. Metlicovitz, René Vincent, Ernesto Condeixa e Roque Gameiro, ganharam status de obra de arte. Muitos deles podem ser conferidos no Museu da Casa Ramos Pinto, em Vila Nova de Gaia, e no Museu da Quinta de Ervamoira, no Douro Superior.
VINHATEIROS INOVADORES
Com a convicção de que um bom vinho nasce no vinhedo, a Ramos Pinto logo apostou na compra de propriedades para garantir cultivo próprio e matéria-prima da melhor qualidade. Atualmente, possui cerca de 250 hectares de vinhedos no Douro que estão divididos em quatro quintas meticulosamente selecionadas na região demarcada.
Adquirida em 1919, a Quinta do Bom Retiro tem fama de ser uma das mais belas do Douro. Os primeiros vinhedos foram plantados em 1789 e, hoje, mais de 50% dos 62 hectares de vinha têm acima de 40 anos de idade, sendo todos de castas tintas. Também na subregião de Cima Corgo e vizinha à Quinta do Bom Retiro, a Quinta da Urtiga foi comprada em 1933 e mantém um tesouro de 3,5 hectares de vinhas velhas, com idade média de 80 anos, todas de castas tintas. Já no Douro Superior, a Ramos Pinto possui duas propriedades: a Quinta dos Bons Ares, com 25 hectares de vinhedos plantados com castas tintas e brancas, e a mítica Quinta de Ervamoira, que entrou para a história do Douro como a “quinta modelo”. Essa propriedade foi selecionada, em 1974, por José Ramos Pinto Rosas, então administrador da casa Ramos Pinto, e serviu como palco de estudos pioneiros. Devido ao terreno pouco acidentado, foi possível implementar nela uma nova forma de vinha, chamada vinha ao alto, permitindo melhor rendimento e mecanização – em vez dos vinhedos construídos em patamares, típicos no Douro, que requerem alto custo de mão de obra.
A audácia da Ramos Pinto não parou aí. Essa casa também se destacou ao promover na Quinta de Ervamoira um outro estudo que identificou, em 1981, as cinco melhores castas tintas para a região do Douro, entre 70 disponíveis: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão. José Ramos Pinto Rosas, que acabou ganhando o apelido de “Papa do Douro”, e seu “braço direito”, o sobrinho João Nicolau de Almeida, que mais tarde comandaria a Ramos Pinto por 15 anos, até 2016, desafiaram o status quo plantando talhões separados por variedade de uva – o que era inédito numa região dominada por vinhas velhas com misturas de castas. Nessa época, a dupla de enólogos já estava de olho na produção de vinhos tintos, expandindo a vocação desta região berço do Vinho do Porto.
Outra particularidade da Quinta de Ervamoira é que abriga, dentro de seus domínios, uma série de gravuras rupestres, o que faz dela uma vinícola Patrimônio Cultural da Humanidade da UNESCO. A descoberta dos preciosos resquícios do paleolítico, em 1985, também salvou a propriedade de ser submersa por uma barragem em construção – a obra foi interrompida graças aos achados arqueológicos.
NOVOS TEMPOS
Em 1990, a casa Ramos Pinto passou a integrar o grupo francês Louis Roederer, de Champagne, o que impulsionou mais um projeto pioneiro: a elaboração de vinhos tintos e brancos no Douro – na época, uma raridade. Os rótulos Duas Quintas figuram, desde então, entre os melhores da região nas suas respectivas categorias e, sem dúvida, ajudaram a conquistar novos apreciadores mundo afora para as novidades do Douro. A Ramos Pinto continua sob a gestão da família que a fundou, tendo como CEO, desde 2016, Jorge Rosas, filho do “Papa do Douro” – José Ramos Pinto Rosas.
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