A paisagem como parte do lugar, de quem o habita, até onde os olhos alcançam. O ambiente “Palafita do Curral”, que marca a segunda participação do Studio 126 Arquitetura na CASACOR/ Minas Gerais, enquadra os morros da Serra do Curral logo à frente como um ponto sensível do cotidiano. Mas não só.
Os arquitetos Evandro Melato e Pabrício Amaral elevam o olhar para aquele recorte geográfico, patrimônio histórico tombado provisoriamente, como um registro de pertencimento e sentimento de preservação. Com as graças e proteção do arcanjo Miguel, escultura talhada pelo artista baiano Osmundo Teixeira, a dupla convida a experienciar a metragem de 90 metros quadrados com o corpo e a alma, inspirada no conceito de “Pelespírito” do novo álbum de Zélia Duncan.
"Nós nos inspiramos nesse conceito de Pelespírito da cantora. O que está entre a pele e o espírito, é uma passagem de evolução espiritual que carregamos no corpo”, explicam os profissionais.
Dentro da pele germina o tempo e o espaço que constituem o ser. Fora da derme, a paisagem e arquitetura envolvem e dialogam com o corpo. A pele como essa interface sensível entre os territórios interno e externo, que se atravessam e influenciam a todo instante.
“A dimensão subjetiva abarcada pelo tempo, espaço e conexão com tudo e todos ao redor retrata nosso Infinito Particular, tema sugerido pela mostra este ano. Também lançamos um olhar especial para a Serra do Curral, que atualmente sofre ameaça. Ao mesmo tempo que convidamos os visitantes a preservar as paisagens que nos formam”, defendem.
Fora, entre e dentro
Sustentada por palafitas, método construtivo comum em regiões tropicais, a suíte flutua sobre o solo montanhoso do Palácio das Mangabeiras, onde a mostra mineira ocorre até 25 de setembro, em Belo Horizonte. Do lado de fora, o deck em madeira oferece uma vista privilegiada para a Serra do Curral.
Dentro o ambiente divide-se entre a galeria, a sala de banho e o quarto. Logo na entrada, um painel demarca a área de descanso. A galeria formada por fragmentos em móbile do santo barroco costuram a narrativa com um interessante jogo de luz, sombra, movimento e significados. Os pedaços da escultura representam as passagens da história de cada pessoa, e quando unidos tornam o ser inteiro, assim como a imagem do Arcanjo. O mobiliário desenhado pelo designer Zanini de Zanine Caldas configura os movimentos de interação e relaxamento.
Autor(a): Rosiley Souza
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