O projeto Refúgio do Tempo, em estilo contemporâneo, do arquiteto joinvilense Felipe Medeiros, tem a piscina como ponto de destaque, porém, não é apenas uma piscina ou um espaço externo. É um ambiente acolhedor para estar, receber, descontrair, criar experiências e memórias. É um ambiente para contemplar o belo, o verde e a arte, esta, uma das principais inspirações do profissional para o seu projeto de estreia em CASACOR.
Os visitantes da mostra percorrerão o ambiente de 198m2 de puro encantamento. O projeto atemporal parte de uma base neutra com muito cinza, vidro e verdes, que propiciam o destaque para obras de arte e itens de coleção. “A ideia foi criar um projeto atemporal, que permeia os anos sem se perder na estética e sobrevive ao tempo com alguns poucos retoques”, descreve o autor.
Inspirado na moda, nas visitas a galerias de arte e nas viagens, Felipe afirma que a simbiose dessas percepções resulta no trabalho. Tanto que as obras do artista Jay Boggo, com cores explosivas e marcantes, estão no entorno da piscina e também nos lavabos.
“Como tivemos a oportunidade de ter um artista que permeia tudo o que mais admiro, isso fluiu de uma forma única. Tive o projeto claro na minha cabeça no momento em que visitei a mostra pela primeira vez e posteriormente, conheci o trabalho do Jay”, relata o arquiteto.
Boggo é um estilista e artista plástico nascido em Joinville, que iniciou sua carreira como autodidata e possui mais de 20 anos de experiência à frente da indústria têxtil. Conhecedor das matérias-primas, fundou a J. BOGGO+ e hoje atua à frente da marca, além de assumir a direção criativa e participar de eventos internacionais das artes visuais.
Arte e design assinado
Inspirado na arte, o arquiteto também apresenta em seu Refúgio do Tempo uma escultura de Zé Bezerra, peças do Zanini de Zanine, além do ícone Sergio Rodrigues, entre outras peças incríveis e inspiradoras. “A ideia principal era evidenciar tudo que estivesse relacionado à arte, e desse um ar sofisticado e elegante”, diz o profissional.
“Escolhemos peças com design atual, como os puffs Diedro, por Jayme Bernardo, lançado agora em Milão e Nova Iorque; a linha de estofados com tecidos tecnológicos, materiais nobres, como o mármore escovado, e piso atérmico. Buscamos evidenciar linhas retas nos painéis da movelaria, criando um ritmo, e nas cortinas de aço, evidenciamos a curvatura do sofá e da escultura”, descreve Felipe Medeiros.
O projeto foi criado como um ambiente para receber obras de arte e objetos inspiradores. “Crio um espaço de background para muitas histórias acontecerem e espero que realmente aconteçam. Minha expectativa como arquiteto é que meu projeto seja algo sofisticado e elegante. Que seja um cenário para que meus clientes e seus usuários aproveitem da melhor forma, com várias situações possíveis.”
Felipe afirma que quer exaltar em seu ambiente a visão de que o que deixamos para o futuro é o que edifica o ser, a arte, o saber. “O que eu, como arquiteto, construo/crio é apenas um background para muitas histórias, muitas experiências, pois um projeto belo, porém sem uso, sem vida, não tem valor.” Este pensamento demonstra o quanto o arquiteto está em sintonia com o tema da mostra deste ano: De presente, o agora. Um Refúgio no Tempo.
Espaços versáteis para receber bem
No projeto arquitetônico, a base de cor neutra permite dar destaque aos objetos do décor. Sobre a piscina, Felipe Medeiros diz que a ideia foi fugir do clichê dos revestimentos em pequeno formato, utilizando o 90x90cm. Também surpreende a cor mais escura das peças, um chumbo fosco.
O piso externo é moka, para dar um ar rústico, conversando com a textura utilizada no teto. As paredes revestidas em MDF chumbo também remetem à cor do revestimento da piscina, criando uma conexão silenciosa e sofisticada de acabamentos.
“Temos por premissa criar espaços versáteis, que possam permitir situações para os mais diversos usos. Criamos três espaços, um living, um estar mais confortável, com duas chaises, e um jantar. Mas um jantar diferente, com uma mesa mais baixa que o convencional, com a proposta de um sofá e poltronas no lugar de cadeiras para ser um lugar mais gostoso e algo que possa ser mais casual do que formal. Algo mais voltado para estar/receber”, conta Felipe.
A ideia para o projeto de interiores foi criar um espaço de contemplação, que pudesse agregar as mais diversas funções. A piscina é coroada por uma iluminação zenital, ou seja, que vem do zênite, de cima, permitindo que a luz natural penetre no ambiente. “Acredito que o nosso espaço propõe uma função de receber bem, funcional e versátil, algo que facilmente alguém teria em sua casa”, diz o arquiteto.
Amante da iluminação
O arquiteto, que se considera amante de um bom projeto luminotécnico, optou por uma iluminação difusa. “Criamos pórticos na movelaria, para não agredir o olhar do usuário. Já na entrada, criamos um corredor para evidenciar as obras de arte com um tensoflex e spots direcionados às peças”, conta Felipe.
Na piscina foi utilizado um trilho suspenso com iluminação direcionada para o teto. Na parede verde também há spots direcionados para criar uma iluminação e evidenciar ainda mais as plantas naturais. O arquiteto utilizou uma peça de design do arquiteto suíço Mario Botta, assim como a peça de piso Ixa, além de luminárias à bateria, que conferem uma luz versátil em momentos de receber, e podem ser utilizadas em diversas ocasiões.
Foi criada também uma parede de lâmpadas de LED com bulbo refletivo, para dar um ar mais nostálgico, devido ao filamento. “Acredito que o ponto alto do nosso projeto de iluminação são os lavabos. Com uma iluminação pontual, eles contam com dois spots direcionais e duas arandelas Ostra, que conferem uma luz única junto às paredes, onde também há obras de arte de J. Boggo.
Inspirações na natureza
O arquiteto declara que sua maior inspiração para criar o Refúgio do Tempo foi o uso de materiais naturais como o mármore, o verde do paisagismo e a cortina de aço. “Busquei evidenciar esses materiais e destacar cada um. Utilizei o espelho para dar amplitude, e também na claraboia para dar um acabamento e evidenciar ainda mais a luz natural. Criamos uma tela tensionada que protege do sol e foi uma inspiração da minha última viagem para a Itália, além do uso das mesas em vidro, que conferem leveza para o projeto.”
A iluminação natural foi considerada o ponto crucial e de partida para o projeto. “Acredito que ela, unida a toda a nossa vegetação, o fogo das lareiras e a água da piscina formam uma mistura única para a experiência à qual nos propusemos em nossa estreia na CASACOR.”
Funcionalidade, sustentabilidade e tecnologia
Uma das principais qualidades de um projeto é atender às necessidades funcionais dos usuários. Nesse ponto, o Refúgio do Tempo é um ambiente versátil nos usos que se propõe, e oferece um receber muito flexível em todos os horários do dia.
Quanto à sustentabilidade, Felipe Medeiros teve o cuidado de utilizar a vegetação natural com irrigação automática, o piso atérmico, que permite reciclagem, iluminação de baixo consumo de energia, além de automação, que controla a iluminação de acordo com incidência solar.
Para projetar e executar o Refúgio do Tempo, o arquiteto Felipe Medeiros conta que os maiores desafios foram o alinhamento de fornecedores, o estabelecimento de prazos e a antecipação futuros problemas. São pontos que definem o sucesso de qualquer projeto. “Superamos todas as dificuldades com uma equipe competente e um gestor altamente centrado”, afirma Felipe.
Autor(a): Rosiley Souza
Voltar