A Casa Gilardi, de cores e personalidade fortes foi construída em 1975 e figura como a última obra do arquiteto mexicano Luis Barragán.
O México é muito mais do que sua gastronomia adorada mundo afora, as estampas coloridas e as praias paradisíacas. Uma visita in loco surpreende ao apresentar, principalmente para aqueles que amam arquitetura e design, diferentes propostas de edificações em uma união surpreendente do antigo com o contemporâneo.
Durante 12 dias, em uma viagem capitaneada pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA/SC, um grupo de profissionais da área mergulhou num dos países mais interessantes da América Latina. Entre eles, os arquitetos Maria Graziella de Oliveira e Allan Chierighini, do Progetta Studio de Arquitetura e Urbanismo, de Florianópolis.
Focado em arquitetura, arte e história, o roteiro incluiu alguns dos principais marcos turísticos, especialmente na Cidade do México e arredores, assim como visitas aos projetos de arquitetos celebrados, igualmente como nas passagens pelos principais museus da metrópole mexicana.
Aqui, Grazi e Allan abrem uma pequena mostra de suas recordações reunindo alguns destaques desta viagem apontando as atrações que não podem ficar de fora para os apaixonado pelo tema:
1) Casa Gilardi (Projeto de Luis Barragán)
Quem conhece a história desta casa sabe pelo menos sua maior curiosidade: já aposentado, Barragán, dono do único prêmio Pritzker do país, recebido nos anos 1980, foi chamado para criar o projeto, mas não demonstrou nenhum interesse. Somente depois da visita ao terreno, onde uma bela árvore de jacarandá dava a mostra de sua majestade, o mexicano topou a criação. E, claro, a árvore manteve-se como central orbital até hoje da construção.
“A casinha rosa, também com sua fachada discreta apesar da cor e além de toda a sua importância como projeto arquitetônico, traz ainda a influência de dois dos artistas mais importantes dos mexicanos, a Frida Kahlo e o Diego Rivera”, relembra Grazi.
A casa de cores e personalidade fortes foi construída em 1975 e figura como a última obra de Luis Barragán, na época com 80 anos.
2) Museu Jumex (Projeto de David Chipperfield)
Este museu assinado pelo arquiteto inglês David Chipperfield é uma obra que também merece atenção em sua passagem por lá. A instituição é resultado do desejo do milionário Eugenio López Alonso que, em 2001, abriu as portas do espaço para apresentar ao público sua coleção de obras de arte. Distante da cidade, a cerca de 20km, a ideia não pegou de imediato e somente depois de 2013 e com a construção do arquiteto inglês que o espaço virou ponto obrigatório.
Allan aponta o que mais chamou atenção: “É mais um exemplo do poder da arquitetura diante das ideias do homem. Chipperfield misturou o concreto minimalista com o travertino e abusou da luz natural em mais de 4200 metros. É impressionante”.
Impressionante também é o acervo de obras com nomes como Jeff Koons, Tacita Dean, Paul McCarthy. Oportunidade ainda de conhecer dois artistas locais super importantes, Abraham Cruzvillegas e Mario García Torres.
3) Museu Soumaya (Projeto de Fernando Romero)
Criação do arquiteto mexicano Fernando Romero e resultado de mais um desejo milionário, desta vez do poderoso empresário Carlos Slim - já foi considerado o homem mais rico do mundo -, o museu é de longe uma obra arquitetônica que se destaca em contraponto as construções historicas.
Suas formas assimétricas, as linhas curvas e seu formato inusitado já valem a visita. Lá dentro, o espaço reúne mais de 60 mil obras, entre coleções de artes plásticas, artes decorativas, documentos históricos, relíquias religiosas e numismática.
Os arquitetos destacam ainda que no acervo é possível encontrar uma das mais interessantes reuniões da produção artístico-cultural do México, da América Latina e da Europa.
4) Centro Cultural Teopanzolco (Projeto de Isaac Broid + Productora)
Os arredores da Cidade do México reservam lugares especiais que são quase obrigatórios na agenda. Uma vez em Cuernavaca, este belíssimo centro cultural oferece um deleite para os olhos em um projeto que contempla o novo espaço criado recentemente com o sítio arqueológico grudado nele.
“A modernidade desta construção, contrastando com o sítio e toda aquela história ao redor, poderia destoar, mas não é isso que acontece. Tudo está em completa harmonia. Outros pontos a serem observados são as soluções e as dimensões”, comenta Grazi.
Internamente, o centro é um espaço multifuncional oferecendo diferentes posicionamentos para cada espetáculo.
Bônus: a cidade tem o clima mais ameno da região e por isso muitos casamentos acontecem por lá. Observar esse vaivém também faz parte do programa.
5) Parque La Mexicana (Projeto de Mario Schjetnan e Víctor Márquez)
Um dos mais recentes parques da metrópole, assinado por Mario Schjetnan e Víctor Márquez, o La Mexicana é mais um exemplo que pode ser replicado em diferentes cidades. Inaugurado em 2017, o espaço ainda está em fase de finalização.
São mais de 100 mil metros quadrados, reunindo quadras esportivas, pista de skate, teatro a céu aberto, ciclovia e lago, entre inúmeras atrações. Restaurantes também estão espalhados pelo local proporcionando, além da observação de uma construção do gênero, a degustação da típica culinária mexicana.
“Observar ainda como se comportam os locais é sempre uma experiência interessante. E no parque, conseguimos entender como funciona na prática as ideias pensadas pelo arquiteto”, finalizam os profissionais.
Texto: Cristiano Santos para Casa de la Gracia Comunica
Fotos: Grazi de Oliveira e Allan Chierighini
Autor(a): Alex Ferrer
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