A união entre o conhecimento, a ciência e a arte foi retratada no naturalismo do século XVIII e XIX e, com uma inspiração direta deste movimento, o fotógrafo Zé Paiva une estes mesmos conceitos para publicar o quarto livro da série Expedição Natureza. Dessa vez, a Ilha de Santa Catarina é o cenário para a construção de uma história permeada por águas - doces e salgadas -, Mata Atlântica, uma variedade de flora e de fauna, sem esquecer das ações humanas e suas consequências.
O livro “Expedição Natureza da Ilha”, cujas 144 páginas revelam verdadeiras obras de arte da fotografia e da natureza, segue para a quarta região em que será lançado, em Florianópolis. Até então, mais de dois mil visitantes, 200 livros, seis visitas guiadas e três oficinas contemplaram, de forma gratuita, a população de Florianópolis.
A próxima parada será no dia 19 de março, na Galeria de Arte do Mercado Público Municipal de Florianópolis, mais especificamente, a Sala José Cipriano da Silva. Na data, o local receberá a visita guiada à exposição fotográfica com imagens que estampam o livro, a partir das 18h.
A ocasião faz parte das comemorações de aniversário de Florianópolis, celebrado no dia 23 de março, além de também estar na programação da Maratona Cultural da cidade, dentro da agenda “Maratona Visual”. Aliás, o centro é o local onde a Mostra ficará por mais tempo, a visitação poderá ser feita até dia 12 de abril, quando acontecerá outra visita guiada pelo fotógrafo.
Produção e edição do livro
Ao fazer a curadoria das imagens, pouco mais de 100 fotografias foram as escolhidas entre as 11.750 feitas por Zé durante suas expedições nas 16 Unidades de Conservação em Florianópolis, sendo duas federais, duas estaduais e 12 municipais. Foram sete meses percorrendo 220 quilômetros por trilhas com mochilas pesadas, 60 quilômetros remando uma canoa canadense e mais de 1.800 quilômetros de carro, para registrar os mais diversos e encantadores recantos da ilha, acompanhado pelo seu guia de campo, Rodrigo Dalmolin, e sua assistente de fotografia, Mariana Colin.
Quem também esteve presente nas trilhas foi a geógrafa Talita Laura Goés; já a ornitóloga Lenir Alda do Rosário identificou muitas espécies de pássaros, sendo que Ricardo Wagner Binfaré também colaborou na identificação.
“A natureza te surpreende se você tiver olhos para enxergar as sutilezas que nos espreitam. (...) Subi e desci morros para encontrar canelas seculares, uma figueira de duas pernas, um jardim de orquídeas. (...) As pessoas procuram a natureza pelas mais diversas razões. (...) A natureza é generosa e acolhe, mas nem todos cuidam da nossa grande mãe”, escreveu Zé em seu livro.
Ainda em suas palavras, no livro, o fotógrafo afirma: “Espero que esse livro ajude a sacudir as velhas ideias. A pandemia mostrou por um breve espaço de tempo que isso é possível. As pessoas deixaram os carros em casa, a poluição diminuiu, os animais invadiram as cidades, a natureza respirou aliviada por alguns instantes.”
“A Ilha é muito mais que praia e, para além de tirar proveito turístico desse cartão postal, também é preciso conscientizar as pessoas sobre a importância da natureza para o planeta, e as Unidades de Conservação têm um papel essencial para essa finalidade”, reforça, em entrevista.
Como ele mesmo descreve nos parágrafos da Expedição Natureza da Ilha, este livro poderia ser uma homenagem à ilha que o acolheu; um manifesto sobre a forma como ocupamos os espaços, destruindo a natureza. Poderia também ser um poema sobre a delicadeza da natureza essencial à vida, que permeia todo o planeta. “Talvez seja tudo isso ao mesmo ou talvez seja apenas um grito de alerta.”, registrou.
Expedição Natureza da Ilha
Pioneiro em documentar a natureza da Ilha com tanta profundidade o projeto possibilitou a exposição, a visita guiada e a oficina de fotografia no Jardim Botânico, no Córrego Grande e no Rio Vermelho, além de outras três regiões que receberão a mostra: o Centro, o Norte e o Sul da Ilha.
O projeto é patrocinado pela Prefeitura de Florianópolis, Secretaria Turismo, Cultura e Esporte e Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 3659/91.
O apoio institucional é da Floram e o apoio cultural das empresas Socioambiental Consultores Associados, Grupo Habitasul e LK Design Hotel. Cada parada da exposição é acompanhada por visita guiada de grupos e escolas que desejarem entender mais sobre o processo de captura e produção das fotos e do livro, bem como das oficinas de fotografia.
Ao todo, serão distribuídos mil livros para escolas, núcleos de educação, universidades, bibliotecas, incentivadores, participantes e para o público em geral. Além destas ações, no hotsite é possível baixar o livro gratuitamente.
“A prosa está para o cinema assim como a poesia está para a fotografia, com este trabalho, minha intenção é incentivar as pessoas, de forma artística, a valorizar a natureza da Ilha, seja ela em Unidades de Conservação ou não”, reflete Paiva.
Sobre Zé Paiva
Engenheiro por formação e fotógrafo por devoção, foi quando se mudou de Porto Alegre para Florianópolis, em 1984, que desenvolveu diversos projetos fotográficos publicitários e industriais, mantendo, em paralelo, seus projetos autorais. Em 1993, estudou no International Center of Photography, em Nova Iorque e, em 2012 concluiu a pós-graduação em fotografia pela Univali. Foi professor de fotografia na UDESC e na ESPM, e percorreu diversas galerias com suas exposições autorais. Desde o início dos anos 2000 se desafiou a lançar livros com seus trabalhos sendo o “Expedição Natureza da Ilha” o seu terceiro livro sobre Santa Catarina. Em 2009 teve três fotografias selecionadas para a Coleção Pirelli Masp, e em 2010 cinco fotos foram finalistas do Prêmio Conrado Wessel. Em 2012 foi contemplado com o Prêmio Marc Ferrez da FUNARTE Conheça mais sobre o artista/fotógrafo em seu site https://zepaiva.com/.
Autor(a): Rosiley Souza
Voltar