Na CASACOR Santa Catarina 2021, GF Arquitetos apresenta proposta que reflete o mood maduro da arquitetura desenvolvida pelo escritório
No desenvolvimento do projeto do restaurante da CASACOR Santa Catarina 2021, os arquitetos Beto Gebara e Marila Filártiga foram além da elaboração de uma proposta funcional, visualmente impactante e adequada ao tema nacional da mostra: a casa original. Empregando conceitos de arquitetura regenerativa e priorizando a “simplicidade elegante”, a dupla concebeu o Espaço Plural como a materialização do que significa estar realmente conectado com os sistemas naturais e culturais.
“Para esse projeto, abraçamos a oportunidade de pensar mais amplamente sobre o nosso trabalho e suas implicações para aqueles que utilizam nossas criações ou são simplesmente afetados pelo processo de construção, onde quer que estejam”, explica Marila. A vasta experiência de mercado, bagagem e repertório variado estão refletidos nas decisões de projeto do espaço, que abriga o bistrô The Hungry Sailor, comandado pelos chefs Narbal Corrêa e Pedro Soares, e a Cervejaria Faixa Preta.
A valorização dos materiais naturais, o aproveitamento dos recursos e a priorização de fornecedores locais são premissas do trabalho da dupla que constituem a essência do Espaço Plural. “Nesse projeto, nossa conversa com os parceiros foi de reaproveitamento - garimpar peças que estavam no depósito para ressignificar o produto, gerar oportunidades para empreendedores menores da região, trabalhar parceiros que também empreendem com responsabilidade ambiental e social”, reforça Beto. A bancada em mármore, por exemplo, foi criada com produto já existente no estoque da empresa, a Capital Superfícies. Os móveis soltos da Studio Ambientes e as luminárias técnicas da Ouse Iluminação foram garimpadas nos depósitos das lojas.
Não só impactar menos, mas, principalmente, impactar positivamente é a base do projeto regenerativo – campo de atuação da dupla – que difere do conceito de sustentabilidade. “Procuramos redefinir o que o ambiente abrange e qual o seu papel”, explica Marila, mestre e doutora em Arquitetura e Urbanismo pela UFSC, facilitadora em projeto regenerativo pelo Center for Living Environments and Regeneration (EUA). Nesse sentido, a especificação dos materiais deve ser bastante criteriosa. Para a marcenaria do Espaço Plural, os arquitetos elegeram MDF produzido a partir de madeira de fontes renováveis da Sudati, empresa com unidade fabril em Santa Catarina – outro critério importante para Beto e Marila. O piso em porcelanato e a cerâmica aplicada nas paredes e no balcão interno do bar foram fornecidos pela Portobello Florianópolis, cuja fábrica está sediada em Tijucas (SC).
Entre as peças decorativas, luminárias pendentes e mandalas produzidas com resíduos da fábrica de papel pelo grupo de artesãs Tramatusa, de Lages (SC), e cerâmicas feitas a mão pela Duas Studio de Cerâmica, de Florianópolis (SC). O balanço, em macramê, é criação do Ateliê Vanina em parceria com a madeireira Roque Kremer. E as cortinas, tapetes e almofadas são criadas e fabricadas pela Carol Cortinas. As imagens dos quadros da Carol Cortinas são de curadoria do escritório de arquitetura GF e reforçam a importância do trabalho feito a mão mostrando as paisagens de Florianópolis. Todas as empresas parceiras são da região.
As madeiras dos painéis instalados nas paredes e teto são devidamente certificadas, assim como as mescla de madeiras utilizada no banco "monobê" (em tupi guarani ajuntar, reunir), criado e desenhado pela dupla de arquitetos e executado pela madeireira Roque Kremer. “Utilizamos três madeiras diferentes em sua composição, a peroba mica, sucupira preta e jatobá, todas certificadas”, detalha Marila.
Para a pintura das alvenarias, os arquitetos escolheram a tinta “Pote de Argila” da Coral/Colormar, que faz referência às cores presentes na terra, contribuindo para a sensação de maior proximidade com a natureza dentro do ambiente.
A conexão com a natureza é a essência do Espaço Plural, assim como do trabalho desenvolvido pela GF Arquitetos há 02 décadas e com mais intensidade nos últimos tempos. “A realidade atual da pandemia nos fez perceber o quanto é importante criarmos uma conexão ainda maior com a natureza, e valorizar as coisas simples e leves da vida, mas sem perder a elegância”, reforça Beto.
Sobre os arquitetos
Marila Filártiga e Beto Gebara comandam a Gebara & Filártiga Arquitetos (GF Arquitetos), escritório com sede em Florianópolis (SC) e atuação nacional. Nascidos no Rio de Janeiro, foi na capital carioca que se formaram em Arquitetura e Urbanismo, ambos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se conheceram. Já casados, mudaram-se para a capital catarinense em 2002, e fundaram a GF Arquitetos em 2004. Ambos já trabalharam em parceria com diversos escritórios desenvolvendo projetos de arquitetura, interiores e urbanismo na cidade do Rio de Janeiro e em Florianópolis.
Marila Filártiga é doutora e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e docente no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina. Facilitadora em projeto regenerativo pelo Center for Living Environments and Regeneration através da ferramenta LENSES. E conta com diversos cursos de aperfeiçoamento na área, como História do Mobiliário, História da Arquitetura Moderna, Paisagismo e Iniciação à Botânica.
Beto Gebara é pós-graduado, pela Fundação Getúlio Vargas, no MBA em Gestão de negócios da Construção Civil. Possui especialização em Luz e Cor, Gerenciamento e Marketing de Projetos, Paisagismo e Iniciação à Botânica.
@gfarquitetos
Autor(a): Alex Ferrer
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