Na contramão da tendência global, o Brasil registrou aumento na taxa de suicídios entre os anos 2011 e 2022. O crescimento médio foi de 3,7% entre os brasileiros de todas as faixas etárias, enquanto a redução mundial foi de 36%. E o mais preocupante é o aumento de 6% no registro de suicídio entre adolescentes e jovens de 10 a 24 anos, no mesmo período. Esses dados foram encontrados num estudo desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (CIDASC/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard. Para chegar às conclusões, a equipe analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). A pesquisa foi publicada este ano na The Lancet Regional Health – Americas.
Todos os anos, são registrados cerca de 12 mil suicídios no Brasil e mais de um milhão em todo o mundo. A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, sendo que as tentativas têm incidência ainda mais alarmante: a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os jovens, perdendo apenas para agressões e é um desfecho muitas vezes evitável. A presidente da ACP – Associação Catarinense de Psiquiatria, dra. Deisy Mendes Porto, alerta que “os comportamentos suicidas, quando identificados por familiares, amigos ou profissionais de saúde podem ser abordados de forma adequada, evitando mortes e custos sociais”.
O reconhecimento dos fatores de risco e dos fatores protetores é fundamental e pode ajudar o profissional de saúde a determinar clinicamente o risco e, a partir desta determinação, estabelecer estratégias para reduzi-lo. Os dados mais recentes apontam que 96,8% dos indivíduos que cometeram suicídio sofriam de algum tipo de transtorno psiquiátrico, sendo mais comuns os transtornos de humor, por uso de substância psicoativa, esquizofrenia e transtorno de personalidade.
Tendo em vista todos esses dados, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em consonância com a OMS, trouxe para o Brasil a campanha internacional Setembro Amarelo, que tem como objetivo principal a prevenção ao suicídio e a defesa da vida. A iniciativa surgiu de uma parceria com a Associação Médica Brasileira – AMB, o Conselho Federal de Medicina – CFM, Federação Nacional dos Médicos – FENAM, bem como entidades regionais e suas federadas. A campanha iniciou em 1994, nos EUA após o jovem Mike Emme ter cometido suicídio dentro do seu Mustang amarelo. Seus amigos e familiares usaram o momento para distribuir fitas amarelas com mensagens de incentivo a buscar por ajuda. A comoção foi grande e em pouco tempo todo o país aderiu à campanha.
O mês de setembro foi escolhido por compreender o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, celebrado no dia 10. Neste ano o tema é: Se precisar, peça ajuda. Durante todo o mês de setembro, vários prédios e pontos turísticos de Santa Catarina vão receber iluminação amarela para lembrar a data. Também será realizado um evento no Parque de Coqueiros, em Florianópolis, no sábado (14) a partir das 9h com distribuição de materiais de divulgação e orientação. Além de palestras, em escolas, universidades e órgãos públicos. “Temos uma equipe de psiquiatras que foram treinados e capacitados para falar sobre os transtornos mentais com propriedade, de forma a reduzir o estigma social pré-formado e facilitar a busca por ajuda profissional. Ainda nessa linha e com o intuito de ajudar a população a perceber as doenças mentais de outra maneira, também acreditamos ser muito importante ocupar espaços nas mídias, em toda divulgação da campanha, com a presença de psiquiatras para ajudar na redução desse preconceito, já que o não tratamento pode ser a maior causa de um desfecho negativo nas doenças psiquiátricas”, conclui a dra. Deisy .
Cartilha “Suicídio: informando para prevenir”
Como parte da campanha Setembro Amarelo, a ABP e o CFM lançaram juntos a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”, que traz dados recentes relacionados ao assunto. A cartilha foi pensada para todo o público, principalmente médicos e profissionais da área de saúde.
Todo o material da Campanha Setembro Amarelo está disponível para download no site da ABP, através do link: http://www.abp.org.br/portal/setembro-amarelo/
Autor(a): Rosiley Souza
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